Casa de not%c3%adcias 1144x150

CULTURA

Depois de ampla reforma o Centro Cultural Oscar Silva é entregue a comunidade

Espaço onde funciona a Biblioteca Pública Municipal recebeu quase R$ 2,8 milhões de investimentos que foram entregue à comunidade na manhã desta terça-feira (29)
29/08/2023 - 19:51
Por Assessoria


Com direito a apresentações de diversas expressões artísticas, a Prefeitura de Toledo, por meio da Secretaria da Cultura, realizou a entrega, na manhã desta terça-feira (29), da reforma do Centro Cultural Oscar Silva, ato que foi prestigiado por diversas lideranças políticas, empresariais, acadêmicas e artísticas de Toledo. O espaço, que abriga a Biblioteca Pública Municipal, recebeu investimento na ordem de R$ 2.777.623,81, dos quais R$ 1.851.544,10 foram destinados à obra em si e os R$ 926.079,71 restantes para a aquisição de mobiliário e equipamentos novos.

Com esta revitalização, o prédio histórico teve sua funcionalidade restabelecida. Outrora sede do Banco do Brasil em Toledo, a edificação foi construída na década de 1970 e estava sem receber uma reforma significativa desde 2002 e seu pavimento superior encontrava-se interditado pelo Corpo de Bombeiros há quase quatro anos. Com a reforma, a comunidade pode agora contar com um equipamento público mais seguro, moderno e confortável para usuários e servidores, graças a um projeto que contempla recursos de acessibilidade (incluindo elevador), auditório, salas para estudo, conservação/restauração e de reserva técnica, espaço para literatura infanto-juvenil, e instalações para os setores administrativos – o projeto também incluiu reforma do banheiro público e remoção dos equipamentos da sala de cinema para o Museu Histórico Willy Barth.

 

Novidades

Enquanto a placa de inauguração não era descerrada, a animação do público presente ao ato ficou por conta das apresentações musicais do Coral São Vicente de Paulo e da banda formada pelos professores da Casa da Cultura. Eles prenunciaram várias novidades que estavam do lado de dentro: a exposição “Eu,Mulheres”, da fotógrafa Gi Costa; as ilustrações em grafite do artista plástico Isaac Souza de Jesus no na sala de leitura principal (rostos de cinco escritores emblemáticos da literatura brasileira: Carolina de Jesus, Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Machado de Assis e Paulo Leminski) e no espaço infanto-juvenil (abelhas que combinam com o formato em colmeia da mobília); a restauração da obra “Cavalo marinho”, da coleção “Criaturas”, do artista plástico Neymar Proença (in memoriam); e o mural de poesias com versos de autoria dos integrantes do Clube da Poesia.

Este espaço, aliás, receberá na tarde desta terça-feira, bem como na quarta e na sexta (30/8 e 1º/9), às 9h e às 14h, sessões de contação de histórias. As novidades deste novo momento da Biblioteca Pública Municipal não param por aí: a partir de agora, o espaço passa a funcionar, de segunda a sexta, no horário do almoço (expediente ininterrupto das 8h30 às 18h) e, nos meses de setembro e outubro, no primeiro (das 9h às 12h) e no segundo (13h30 às 16h30) sábado de cada mês.

 

Emoção e orgulho em discursos

Antes da emoção de conhecer por dentro a revitalização do Centro Cultural Oscar Silva, o público também se comoveu com os discursos de alguns integrantes da frente de honra do evento. Esta foi composta pelo prefeito Beto Lunitti; pelo vice-prefeito Ademar Dorfschmidt; pelo presidente da Câmara de Vereadores, Dudu Barbosa; pela secretária da Cultura, Rosselane Giordani; pela presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia da 9ª Região (CRB-9), Cristiane Sinimbu Sanchez; pelo ex-prefeito (1983 a 1988) Albino Corazza Neto; pela ex-vice-prefeita  (1989-1993) Rosa Campos; e Pitágoras da Silva Barros e Aristóteles Barros da Silva, filhos de Oscar Silva.

A biografia de Oscar, aliás, foi a tônica dos discursos de Albino e Pitágoras. “Ele sempre me ajudou muito e teve duas colaborações primordiais para o meu mandato. A primeira foi ter me aconselhado a fazer uma auditoria em relação às contas da Prefeitura antes de tomar posse, o que me livrou de alguns problemas na época. E a segunda foi ter aceitado o meu convite para colocar seus atributos de ótimo escritor para fazer uma série de livros, entre os quais “Toledo e sua história”, com o qual estou presentando com um exemplar o prefeito Beto Lunitti”, recorda o ex-prefeito. “Meu pai foi o primeiro coletor federal de Toledo, mas a viagem para cá, saindo de Minas Gerais, foi uma epopeia, com o trajeto de Ponta Grossa para o Oeste do Paraná sem um palmo de asfalto. Chegamos aqui em fevereiro de 1963 e, antes disso, o meu pai teve uma vida intensa, foi, em Alagoas, chefe da ‘volante’ que perseguiu e capturou Lampião [Virgulino Ferreira da Silva, líder do movimento cangaceiro. Declaradamente ateu e comunista, foi perseguido pelo regime ditatorial de Getúlio Vargas e chegou a ser preso junto a dois grandes escritores da nossa literatura: Jorge Amado e Graciliano Ramos. Manteve suas convicções pelas décadas seguintes e quase foi preso novamente por conta de sua ideologia durante o regime militar, mas contou com a proteção das lideranças religiosas com quem começou a manter contato e fazer amizade. Esse contato foi fazendo ele, pouco a pouco, restabelecer suas relações e reconciliar-se com Deus e, nos últimos momentos de vida, entregou o seu destino nas mãos do Criador, o que fez sua despedida ser tão intensa e inspiradora como foi toda a sua vida”, relata o filho de Oscar Silva.

Outro discurso tocante foi o da secretária da Cultura, que estava com a voz embargada e visivelmente feliz pela reinauguração do Centro Cultural Oscar Silva. “Estava ansiosa para que esse momento chegasse, mal consegui dormir esta noite, mas vim para cá radiante e com espírito de gratidão, pois, para este momento especial, saberia que encontraria aqui pessoas igualmente especiais, que ajudaram a fazer de Toledo essa terra linda e agora com uma Biblioteca Pública Municipal revitalizada, a qual representa um grande avanço nas políticas públicas de incentivo à leitura, assunto no qual somos referência para o Paraná e posso afirmar, sem falsa modéstia, que agora temos uma das melhores bibliotecas do estado”, pontua Rosselane. “Este momento só foi possível porque o prefeito e o vice confiaram em nosso trabalho quando pedimos para assumir a gerência das bibliotecas. De abril de 2021, realizamos inúmeras atividades de formação de público leitor, incluindo aí a Flit, a Festa Literária de Toledo, que chega agora em outubro à segunda edição. Estamos evoluindo porque temos ao nosso lado pessoas que acreditam no poder emancipador da leitura, que enxergam nesta biblioteca não só um prédio, mas, sim, um espaço cultural, educacional e social voltado à construção de saberes”, salienta.

Em suas falas, Dudu e Ademar fizeram o reconhecimento a alguns dos principais responsáveis pela entrega da reforma do Centro Cultural Oscar Silva. “O sucesso de uma política pública não é medida somente em prédios, mas, principalmente, no número de pessoas que são impactadas pelas ações que empreende. Quanto maior o legado que elas deixam, maior é sua eficácia. É com esta convicção que o Executivo fez este investimento. A despeito das limitações impostas pelo orçamento, ele adotou essa obra como prioridade, pois sabe do seu simbolismo nas atividades de incentivo à leitura, com a qual podemos formar cidadãos muito melhores”, analisa o presidente da Câmara. “A caminho desta inauguração, estava pensando no que ia falar, mas mudei completamente minha linha de raciocínio ao ouvir o depoimento do Pitágoras sobre o pai dele, um homem que, indiscutivelmente, trabalhou em prol do nosso município. Todos, independentemente de sua ideologia, religião ou raça, são igualmente merecedores de colher aquilo que foi semeado pelos nossos pioneiros. É com este entendimento que demos autonomia para a nossa secretária organizar ações e eventos que contemplem todos os públicos, pois as pessoas têm total liberdade de viverem daquilo que sentem e acreditam. Nossa gestão não perde tempo falando mal dos outros e hoje estamos virando mais uma página do nosso plano de governo, pois somos guiados pela ideologia da paz e só aceitamos ser radicais em relação ao respeito a todos”, destaca.

O prefeito Beto Lunitti também falou dos pioneiros em seu discurso. “Este é um momento que faz meu pensamento voltar-se ao dia 27 de março de 1946, quando chegaram aqui os primeiros colonizadores do nosso município. Depois deles, vieram várias pessoas cujas famílias se instalaram aqui e fizeram Toledo ser esse exemplo de desenvolvimento e qualidade de vida. Para as próximas gerações, estamos implementando ações que visam à construção de um novo conceito de sociedade. Enquanto poder público estamos fazendo tudo o que é possível para isso, pois, quando não cumprimos a nossa parte, não temos como exigir algo a mais da comunidade”, comenta. “Na letra fria, esse prédio foi reformado por quase R$ 3 milhões, mas o valor dele é imensurável, pois as vidas que serão transformadas pelo poder da leitura não têm preço. Por tudo isso, só tenho a agradecer aos prefeitos, vice-prefeitos e servidores que já passaram pelo governo municipal, pois cada um, à sua maneira, contribuíram para que este momento especial fosse possível”, avalia.

 

Histórico

A história da Biblioteca Pública remonta ao mandato de Wilson Carlos Kuhn, que ocupou o cargo de prefeito de Toledo entre 1973 e 1977. Neste período, foram criados a primeira Casa da Cultura e o primeiro Conselho Municipal de Cultura do Paraná, bem como foram criados a Biblioteca Pública Municipal e o Museu Histórico Willy Barth, que funcionaram na Casa da Cultura até meados da década de 1980. 

Em 1985, na gestão do prefeito Albino Corazza Neto, o Conselho Comunitário Municipal respaldou o projeto de lei do Poder Executivo para compra do prédio do Banco do Brasil, que se tornaria sede da Biblioteca Pública Municipal sob o nome de Centro Cultural de Toledo, que passaria a se chamar Centro Cultural Oscar Silva em 1991. 

Em outubro de 1994, a Biblioteca Pública Municipal foi transferida para o prédio onde funcionou por vários o Banco Meridional, na esquina das ruas Barão do Rio Branco e Sete de Setembro. Em agosto de 1996, o espaço voltou a funcionar no Centro Cultural Oscar Silva e só saiu deste endereço pelo período de um ano (em sede provisória na Avenida Parigot de Souza, próxima ao Parque Ecológico Diva Paim Barth), enquanto era feita a reforma na sede original.

Sem nome %281144 x 250 px%29